terça-feira, 14 de julho de 2009

O DIA D

Hoje dia 17 de maio de 2009, são exatamente 13 horas o telefone toca, é do hospital avisando que minha internação saiu e que tenho que estar lá ate às 18 horas. Chegou a hora não tenho mais para onde correr, começo a me arrumar para ir. As lágrimas começam a cair, não sei de alívio ou se desespero. Meus filhos e minha mãe vão comigo até o hospital.
Chegando lá, fizemos toda papelada e vamos ao quarto 405, leito um, 5ºandar. Vem a despedida dos meus filhos e de minha mãe agoniada, mas pronta para a nova etapa de minha vida, embora não soubesse qual ia ser a partir daquele momento.
Dia 18 de maio de 2009 estou de jejum desde as 22 horas do dia 17 de maio de 2009.
São exatamente 7h30 e a ansiedade começa a aumentar. Minha cirurgia que estava marcada para às 8 horas já não é mais neste horário. As horas vão passando e nada. Agora são exatamente 11h15. Entra a enfermeira e diz: - Vamos subir para o centro cirúrgico.
Minha mãe e minha tia me olham, a enfermeira diz somente que uma pessoa pode ir com ela até lá. Minha mãe sobe comigo, nos despedimos, ela volta chorando e eu entro chorando. Me levam para sala de espera, para a chegada do médico, porém quando da meio dia vem o comunicado que o médico vai demorar um pouco porque houve um pequeno problema no outro hospital.
A angústia aumenta - não tinha como conversar com ninguém a não ser com o meu melhor e grande amigo Deus - começamos a conversar, Ele atento me segurando no colo e me ouvindo, e eu dizendo: - Senhor acalma o meu coração sei que o Senhor vai fazer o que for melhor para mim, mas cuida dos meus filhos, não os deixe desamparados. Senhor guie as mãos dos médicos que vão estar comigo, traga o meu cirurgião logo, traga ele com segurança.
Olho no relógio - são exatamente 13h15. Vem o assistente do meu cirurgião e diz: - Vamos lá Fátima chegou a hora, respirei fundo e disse: - Vamos.
Entrei para a sala de cirurgia de número sete. Já estavam todos lá, me deram a anestesia, não vi mais nada.
Fui acordar na semi intensiva exatamente as 19 horas quando fui informada que ia descer para o quarto. Chegando lá recebi a boa noticia: o nódulo que eu tinha no pulmão esquerdo de formato irregular não era câncer, porém depois disso só consegui dizer - estou morrendo de fome quero comer rsrsrsrsrs.
Rimos e logo veio o meu jantar comi feito uma louca e logo depois dormi, não consegui nem falar com minhas companheiras de quarto a Dona Terezinha que também tinha operado no mesmo dia e a Dona Dora que já estava a algum tempo no hospital, mas que havia sido transferida para o mesmo quarto onde eu estava.

Terça feira dia 19 de maio de 2009 6 horas
Começam a vir as medicações as apresentações de enfermeiras chefe e as enfermeiras que iriam cuidar da gente naquele dia, isto acontecia duas vezes por dia. Toda troca de plantão elas vinham e se apresentavam, porém tínhamos uma palhaça no quarto ninguém conseguia lembrar o nome dela.
Está palhaça era eu rsrsrs. Dona Dora me chamava de Graça. Era “Graça cuida de mim, Graça não deixa ninguém judiar de mim”. E a dona Dora adorava comer melancia e sorvete. As enfermeiras me chamavam de Ângela, de Selma, menos de Fátima.
Eu tinha um dreno que apelidei de Priscila, então era Priscila e eu fazíamos o maior sucesso naquele quarto tomávamos conta de dona Dora não deixávamos ninguém judiar dela riamos muito e assim passava o dia.


Todos ficaram abismados porque eu fiz a cirurgia do pulmão na segunda feira e na terça já estava andando por tudo e fazendo o povo rir e ainda tinha um paparazo. Era somente ele quem ia lá trocar meus curativos rsrsrrs .

Tinha também meu amigo Marcelo que me levava para passear todo dia no rx rsrsrs. Passeávamos pelo hospital de elevador para cima e para baixo de um prédio ao outro rsrsrs. Tinha tabém as terapeutas que andavam comigo, mas somente no corredor e Priscila se sentia realizada.
Eu era uma paciente muito chique tinha até psicóloga ela ia lá conversar comigo todos os dias, ai esta vida de paciente me cansa rsrsrs

Quarta-feira dia 20 de maio
Já começou a bater a angústia para sair daquele hospital, porém o meu amigo pulmão ainda não havia se regenerado por completo teria que ficar ali mais alguns dias.
Quinta feira meu amigo pulmão me surpreende. Está na hora de deixar Priscila ir embora porque eu também viria para casa.
A parte triste deixar minha amiga Dora lá, embora ela estivesse muito bem assistida. Mas agora vou deixar uma lição que tirei por mim mesma.
Foram quatro meses de muita angustia, dois médicos diziam ser um câncer e não ter mais jeito, meu cirurgião dizia que não podia afirmar nada somente depois da biopsia ele diria algo.

Então meus caros leitores e amigos:
Se entregue de corpo e alma as braços de nosso único e verdadeiro pai DEUS
Não somos nada ninguém neste mundo é melhor que ninguém então ame seu próximo como a si mesmo.
A vida é muito curta a morte e nossa vizinha, a vida é morte, mas a morte e vida só que eu prefiro a vida e deixar a morte como vizinha por um bom tempo.
Se ame de verdade e seja sempre muito feliz
Agradeço a todos que tiveram a paciência de ler um pouco a minha história e adoraria poder ler o que vocês acharam beijos no coração de cada um que passar por aqui.