Um dia você acorda e percebe-se acomodado. Começa com uma desilusão, quando percebe que não conseguirá seguir seus planos de futuro. Mas mesmo assim, decide abrir mão de seus princípios para ter uma vida estável. Acorda todos os dias às 7h num apartamento de fundos, onde a luz não entra. E já atrasado para pegar o metrô, mal tem tempo para um café da manhã. No caminho, nem consegue apreciar o sol. Já no trabalho, pilhas e pilhas de documentos o aguardam. Trabalha para enriquecer alguém que nem conhece, com atividades que não vão trazer nenhum benefício para você ou para a humanidade. Oito horas, um terço do dia. Você sai no escuro e só tem tempo para jantar e ficar grudado na televisão até cair no sono.
O amor no casamento acaba e não tem forças para se separar. Ficam juntos por causa dos filhos sem se darem conta que pais infelizes transformam os filhos em crianças tristes. Você trai por não agüentar tanto desamor, apaixona-se por sua amante, mas não tem coragem para assumir. E torna sua amante também infeliz com promessas que é incapaz de cumprir.
Arrepende-se de tudo que deixou de fazer, de metade do que fez e tentou realizar com seus filhos, dizendo-lhes como viver sua vida. Sonha com carrões, apartamento nos Jardins, festas e tudo que tem é um copo de uísque.
Morre. Velho, bem velho, tentando lembrar em que ponto de sua vida se transformou nesse longo vazio. E sem forças, deixa escorrer as últimas gotas do uísque. Sua única lembrança de que um dia poderia ter sido feliz.
( Extraido do blog Nas entrelinhas)
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